007 contra Goldfinger (Goldfinger, 1964)

Muitos consideram este o melhor filme de James Bond. Não sei se é o melhor, mas com certeza absolura está entre os 5 melhores, e sem dúvida trata-se do melhor filme de 007 tendo como astro o escocês Sean Connery. Goldfinger tem todos os elementos que caracterizam um autêntico filme de Bond: um grande vilão (o ator alemão Gert Frobe, excelente como Auric Goldfinger, um milionário trapaceiro fanático por ouro), belíssimas mulheres (como a bondgirl Pussy Galore), um assecla de classe como Odjob (Harold Sakata, o coreano que aniquila suas vítmas à distância com sua cartola de aço) e, várias cenas memoráveis, como a disputa de golfe entre 007 e Goldfinger, a demonstração deste em sua casa sobre como pretende “assaltar” o Fort Knox nos EUA e ainda a disputa final entre Bond e Odjob em que este morre eletrocutado.

Neste filme, o terceiro da série, Sean Connery parece atingir o ponto exato da interpretação de Bond e atua extremamente à vontade, esbanjando confiança e domínio completo sobre o personagem. Com certeza a direção de Guy Hamilton contribuiu muito para isso (considero Hamilton o melhor diretor dos filmes de Bond, seguido por John Glen). Isso sem falar na exuberante música-tema interpretada por Shirley Bassey. Enfim, 007 contra Goldfinger é diversão garantidíssima e tem apenas um defeito: passa muito rápido (é um dos filmes mais curtos de toda a série, não chegando a 01h50 min de filme).

Nota 8.5 – ****

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês)

Rebecca, a mulher inesquecível (Rebecca, 1940)

rebeccaposterBaseada no romance clássico de Daphne Du Maurier, esta é uma das obras máximas de Alfred Hitchcock. Oscar de Melhor Filme de 1940, aqui Hitchcock usa de forma brilhante um clima bastante intimista para contar a estória da jovem (Joan Fontaine) que, casada com um rico viúvo (Laurence Olivier), é assombrada pelo espectro da primeira esposa do marido. 

Fala a verdade: até você sentiria medo de uma governanta dessas. A senhora à direita, de olhar sinistro, é a atriz Judith Anderson, que interpreta a Sra. Danvers, toda-poderosa governanta da mansão Manderley, morada do viúvo Maxim de Winter, cuja ex-esposa e ex-patroa de Danvers era justamente Rebecca, protagonista do filme, em torno de quem tudo gira, mas que nunca aparece, pois já está morta quando o filme começa. Só mesmo o velho Hitch para realizar uma obra-prima dessas. A cena (que você pode conferir no video aqui embaixo) retrata um dos momentos em que a Sra. Danvers pratica o auge do terror psicológico contra a nova Sra. de Winter, mostrando o quarto, as lingeries da ex-patroa… repare inclusive como a música de Franz Waxman ajuda a compor o clima quase sobrenatural da cena.

Denso e angustiante, explorando com habilidade a atmosfera misteriosa de uma velha mansão, Rebecca é um dos trabalhos mais sofisticados ja feitos por Hitchcock. Este foi o primeiro filme do mestre do suspense feito nos EUA, tem o mesmo produtor do sucesso …E o Vento Levou, do ano anterior (David O.Selznick). Inexplicavelmente, o filme ganhou o Oscar de melhor produção do ano mas Hitch não levou o prêmio de diretor. Detalhe para os fãs atentos: reparem que o nome de solteira da futura Sra. de Winter jamais é mencionado ao longo do filme.

Nota 9,5 – *****

Veja abaixo uma cena completa do filme (em inglês)

…E o Vento Levou (Gone with the wind, 1939)

eoventolevouposterÉ difícil encontrar alguma coisa que seja ruim neste filme. Uma superprodução, que, considerando-se a desvalorização do dólar, ainda é a maior bilheteria da história do cinema. A cena aqui do lado é um divisor de águas no filme: O capitão Rhett Butler (Clark Gable) beija sua amada Scarlett O’Hara (Vivian Leigh), após salvar ela e sua “inimiga” Melanie Hamilton (Olivia de Havilland), esposa de Ashley Wilkes (Leslie Howard, de quem Scarlett gosta por 99% do filme), além da criadinha atrapalhada (com voz extremamente irritante na versão dublada).

Só que após este beijo apaixonado Rhett deixa Scarlett no meio do nada, no caminho para Tara (fazenda dos seus pais), o que será apenas mais um dos vários desentendimentos entre os dois no filme. Várias cenas são memoráveis: Scarlet jogando um copo após ser desprezada por Ashley e descobrindo Rhett atrás do sofá, Rhett dançando com Scarlett viúva de seu primeiro marido no baile, Rhett quase “esmagando” o crânio de Scarlett durante um porre, a morte da filha deles caindo do pônei, a queda antológica de Scarlett rolando pela escada após tentar bater no capitão etc. Apesar de ser tão antigo, é um dos poucos filmes em que o final não é propriamente “feliz”, pelo contrário, dá até uma certa frustração…Falando nisso, o 1% de tempo em que Scarlett não gosta de Ashley no filme é justamente quando ela finalmente “descobre” que gosta do capitão Rhett… quanta dissimulação !! Filmaço, obra-prima, superclássico imperdível, em que a gente revê quantas vezes quiser e não enjoa.

Nota 10.0 – *****

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês)