A lenda de Beowulf (Beowulf, 2007)

beowulf1(Épico / Animação, 14 anos. Direção de Robert Zemeckis. Com Ray Winstone, Crispin Glover, Angelina Jolie, John Malkovich e Anthony Hopkins. Duração 01h53min)

Baseada em um poema lendário da Escandinávia, no norte da Europa, a estória conta a saga do guerreiro Beowulf (Ray Winstone, de Could Mountain e As crônicas de Nárnia), que precisa derrotar o monstro Grendel (Crispin Glover), que está aterrorizando a população. O desafio se tornará ainda mais perigoso e sangrento quando a mãe de Grendel (Angelina Jolie, de Tomb Raider), sedutora mas também furiosa e sedenta por vingança, decide entrar em combate.

São evidentes os méritos da qualidade do texto, que adapta o poema épico ancestral para uma linguagem acessível. Sua habilidade em registrar sutilezas, o que está fora da cena, só é superada pela direção precisa de Robert Zemeckis, que efetivamente conseguiu migrar isso do papel para a computação gráfica, neste que é o filme mais expressivo já criado com a tecnologia de animação 3D. Sem as limitações físicas do posicionamento de câmeras e iluminação real, Zemeckis dá um show de enquadramentos e ângulos de câmera. Por ser uma animação 3D, em todo o filme os personagens destacam-se perfeitamente do fundo e de outros personagens – ocupando assim seu próprio espaço.

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Igualmente bem pensada é a trilha sonora do ótimo Alan Silvestri, colaborador freqüente de Zemeckis (como em Forrest Gump e Náufrago). A música incidental é misteriosa e empolgante nas doses certas. Preste atenção no tema da Mãe de Grendel: é excelente… transmite em poucas notas toda a ambientação do refúgio da criatura – e seu estado de espírito.

Feito com a mesma tecnologia de animação 3D de O Expresso Polar (2004), outro trabalho de Zemeckis, este filme trata essencialmente de como mentiras e distorções – mesmo que sutis – podem determinar os rumos da civilização. Custou a bagatela de 150 milhões de dólares.

Veja abaixo o trailer original do filme com legendas em português


No vale das sombras (In the valley of Elah, 2007)

(Drama, 14 anos. Direção de Paul Haggis. Com Tommy Lee Jones, Charlize Theron, Susan Sarandon e James Franco. Duração 02h01min)

Paul Haggis com certeza já deixou de ser um apenas um ótimo e premiado roteirista para se tornar também um diretor elevado a estrela de primeira grandeza. Nos últimos três anos, seus roteiros tiveram três indicações ao Oscar (Menina de Ouro, Crash – No Limite e Cartas de Iwo Jima), sendo que os dois primeiros ganharam não apenas as estatuetas de roteiro mas também as de Melhor Filme do ano. Por isso os cinéfilos aguardavam com bastante expectativa este seu segundo trabalho como diretor, No Vale das Sombras (o primeiro foi Crash – No Limite).

Este filme é ainda menos comercial do que Crash, pois trata de um assunto ainda muito polêmico, principalmente nos EUA: a guerra no Iraque. O roteiro é inspirado numa reportagem da revista Playboy americana, que conta a estória verídica de um soldado americano que desaparece sem deixar vestígios poucos dias depois de retornar dos combates no Oriente Médio.

O pai do soldado desaparecido é o veterano de guerra Hank Deerfield (Tommy Lee Jones, soberbo), que depois de voltar do Vietnã trabalhou por mais de 20 anos como investigador da polícia militar. Casado com Joan (Susan Sarandon), ele vai pessoalmente até o quartel tentar descobrir o que aconteceu com seu filho. Seu contato na polícia local é a detetive Emily Sanders (Charlize Theron), que enfrenta diariamente o preconceito dos colegas homens.

Percebe-se com o desenrolar da trama que o objetivo maior de Haggis é radiografar os dramas pessoais dos personagens, individualmente. O militarizado Hank é perfeccionista, patriótico e gosta de tudo do seu jeito. Sua esposa acata seu jeito em silêncio, mas a detetive o confronta e o faz pensar, colocar tudo em perspectiva. Será que tudo aquilo pelo que lutou, tudo em que acreditou, está certo, valeu mesmo a pena?

Tommy Lee Jones já emociona apenas assistindo ao trailer. Me parece que é aposta certa para pelo menos uma indicação ao próximo Oscar. A belíssima trilha sonora é de Mark Isham, compositor também de Homens de Honra.

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês)


Lançamentos em DVD – Nas locadoras entre 26/nov e 02/dez

Harry Potter
e a Ordem da Fênix
(Aventura, livre. Direção de David Yates. Com Daniel Radcliffe, Ralph Fiennes, Gary Oldman, Emma Watson, Rupert Grint, Helena Bonham-Carter, Alan Rickman, Imelda Staunton e Emma Thompson. Duração 02h18min)

No 5º episódio da série, Lord Voldemort (Ralph Fiennes) está de volta, mas o Ministério da Magia esconde o fato com a ajuda de Dolores Umbridge (Imelda Stauton), nova professora do colégio. Enquanto isso, Harry Potter (Daniel Radcliffe) treina secretamente um grupo de estudantes (a Ordem da Fênix) para a futura guerra que virá.

Um certo olhar
(Drama, 12 anos. Direção de Marc Evans. Com Sigourney Weaver, Carrie-Anne Moss, Alan Rickman. Duração: 01h52min)

No interior do Canadá, Alex (Alan Rickman), um inglês que saiu da prisão após cumprir pena por ter cometido um assassinato, dá carona a uma garota, mas eles sofrem um acidente e ela morre. Sentindo-se culpado, ele vai procurar a mãe dela (Sigourney Weaver), que é autista mas consegue viver sozinha, sem precisar de ajuda.

A volta do Todo-Poderoso
(Comédia, 12 anos. Direção de Tom Shadyac. Com Steve Carell, Lauren Graham, Morgan Freeman, John Goodman. Duração 01h30min)

Sequência de “Todo Poderoso”, de 2004. Conta mais uma vez com Morgan Freeman como Deus e a direção de Tom Shadyac. Deus novamente precisa de uma ajuda na Terra e agora convoca Evan (Steve Carell, o apresentador de TV e rival de Jim Carrey no primeiro filme), que terá a missão de construir uma arca a fim de se precaver de um grande dilúvio. A verdade é que, além de não ser nada original, o filme é absolutamente sem graça.


Piratas do Caribe 3
No fim do mundo
(Aventura, 12 anos. Direção de Gore Verbinsky. Com Johnny Deep, Orlando Bloom, Keira Knightley e Geoffrey Rush. Duração: 02h50min)

O apavorante barco fantasma Holandês Voador vaga pelos sete mares matando piratas sem misericórdia. Will Turner (Orlando Bloom), Elizabeth Swann (Keira Knightley) e o capitão Barbossa (Geoffrey Rush) precisam reunir os Nove Lordes da Corte da Irmandade para tentar combatê-lo. Mas falta um dos lordes, o capitão Jack Sparrow (Johnny Depp), que está preso ao baú de Davy Jones (Bill Nighy). Assim, os heróis precisam rumar para a perigosa e exótica Cingapura e enfrentar um pirata chinês, o capitão Sao Feng (Chow Yun-Fat), para conseguir os mapas que os conduzirão aos confins do mundo e resgatar Jack, o navio Pérola Negra e lutar enfim contra o temido Holandês Voador e seus algozes.

Encantada (Enchanted, 2007)

(Musical/Fantasia, Livre. Direção de Kevin Lima. Com Amy Adams, Patrick Dempsey, Susan Sarandon e James Marsden. Duração 01h47min)

Um conto de fadas tradicional na estrutura, mas inusitado na forma. Segue as mesmas idéias de sempre mas as traz para o mundo real. E faz isso muito bem, com muita competência e diversão garantida, mesclando a esperteza ácida da qual Shrek foi precursor com todos os conceitos dos contos-de-fadas martelados pelo estúdio ao longo de décadas. É um tremendo acerto para a Disney, que jamais convenceu ninguém quando tentou a autoparódia.

Encantada começa animado no melhor estilo 2D clássico, mas logo coloca seus personagens em versão de carne-e-osso no mundo contemporâneo. É ao mesmo tempo fábula e comédia romântica. Na trama a típica princesa Giselle (Amy Adams) é expulsa do reino de Andalasia pela Bruxa Malvada (Susan Sarandon, divertindo-se como nunca no papel). Sem aviso, a inocente vai parar em Nova York, onde descobre a duras penas que nem todo mundo acredita em finais felizes. Felizmente, seu Príncipe Encantado (James Marsden, o Cíclope de X-Men e que recentemente esteve em Hairspray) parte logo à sua busca. Mas há outro pretendente no caminho, um advogado charmoso (Patrick Dempsey) cujo trabalho é justamente a antítese do “felizes para sempre”: ele é especializado em divórcios litigiosos.

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Amy Adams faz a princesa

O filme mistura atores e atrizes de verdade com desenhos (como aconteceu por exemplo em Uma cilada para Roger Rabbit). Os roteiristas são os mesmos de Toy Story 2 e Formiguinhaz e a direção é de Kevin Lima (apesar do nome ele não é brasileiro), bem-visto dentro da Disney por seus trabalhos em Tarzan (1999) e 102 Dálmatas (2000).

Porém quem brilha mesmo com intensidade no filme é a atriz Amy Adams, que dá vida a uma das mais cativantes princesas Disney já vistas. Com os olhos brilhantes, ela se move como num sonho, saltita, cantarola e chama os animaizinhos (uma das melhores piadas do filme) para ajudarem-na em tarefas domésticas com a competência de quem faz isso todos os dias. Amy já está indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia/Musical e talvez seja também indicada para o Oscar.

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês, com legendas em português).


A Princesa e o Plebeu (Roman Holiday, 1953)

Sabe aquelas comediazinhas românticas, bobinhas, inocentes, que tem na Meg Ryan uma das atrizes ícones desse tipo de filme, mas que praticamente todo mundo gosta ?? Pois bem: é muito provável que este filme aqui, A Princesa e o Plebeu, tenha sido o precursor deste tipo de filme em Hollywood. Isso porque se trata de uma comédia graciosa, de roteiro extremamente simples, mas levada com muita leveza e um andamento extremamente agradável, e que ficou famosa por trazer à cena pela primeira vez uma das atrizes mais glamourosas do cinema, a belga Audrey Hepburn, que inclusive ganhou o Oscar de Melhor Atriz por sua atuação nesse filme.

A trama é uma espécie de estória de Cinderela às avessas. Uma princesa riquíssima (de um país cujo nome nunca é mencionado) está cada vez mais estressada por causa da agenda cheia de compromissos repetitivos e entediantes. O que ela gostaria de verdade era viver como uma garota normal. Então, quando de sua estada na embaixada em Roma, durante a noite ela resolve fugir para dar uma volta pela cidade e curtir a noite. No entanto ela encontra não um príncipe encantado, e sim um jornalista interesseiro, que a reconhece (embora ela não saiba disso) e quer conseguir uma reportagem exclusiva que lhe renderá uma premiação extra em seu jornal. Porém com as peripécias de ambos pela cidade romana ambos se envolvem e acabam se apaixonando.

Claro que boa parte do sucesso do filme se deve também a outros integrantes da produção: o parceiro de Audrey é um dos galãs da época, Gregory Peck, e o diretor é William Wyler, que se consagraria alguns anos depois quando dirigiu o épico Ben-Hur. A fotografia do filme, toda ela feita em locações na capital italiana, é belíssima. E o ator coadjuvante, feito pelo ator Eddie Albert, fotógrafo colega de Peck na trama, traz aquela dose de humor também bastante comum nas comédias românticas.

Mas o grande destaque é mesmo a atriz Audrey Hepburn. Durante todo o filme não há sequer um pingo de conotação sexual envolvendo sua personagem, ela conquista a crítica e o público com suas expressões sempre inocentes, de pureza, em uma figura inegavelmente linda e muito simpática. Fica até difícil tirar os olhos dela quando está na tela, e esse tipo de atriz quase não existe mais hoje em dia.

O filme foi indicado a dez Oscars e levou três. Além do de Melhor Atriz para Hepburn, a estilosa Edith Head ganhou o de Melhor Figurino em Preto-e-branco e Dalton Trumbo ganhou pelo roteiro (com certeza trata-se de uma das melhores estórias sobre amor impossível que o cinema já concebeu). A versão mais recente em DVD foi completamente remasterizada e o resultado final é excelente. E impressionante também é a semelhança entre a atriz Audrey Hepburn e a tupiniquim Lavínia Vlasak.

Nota – 6.5 ***

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês)


Missão: Impossível (Mission: Impossible, 1996)

(Ação, 1996. Direção de Brian De Palma. Com Tom Cruise, John Voight, Jean Reno, Emilio Estevez, Vanessa Redgrave, Kristin Scott Thomas e Ving Rhames. Duração 01h10min.)

Este Missão: Impossível, o filme original, de 1996, dirigido pelo fantástico Brian De Palma e também produzido por Tom Cruise (aliás, este foi o primeiro filme feito por sua produtora, a Cruise/Wagner Productions), tem um elenco estelar e é sem dúvida alguma um dos melhores filmes de espionagem de todos os tempos, misturando ação e suspense na dose exata.

Tem também um excelente roteiro, para aqueles que gostam de filmes de ação e que ainda por cima tenham uma estória inteligente (o que é uma raridade hoje em dia). Sou fãzaço do Brian de Palma, e este é um dos melhores filmes dele. A estória é cheia de reviravoltas, na verdade tive que assistir o filme duas vezes prá entendê-lo direito, mas não diria que o roteiro é confuso, é bastante engendrado mesmo, e coerente com o propósito do filme, afinal numa trama de espionagem nada pode ser muito evidente.

Uma equipe internacional de espionagem (comandada pelo ótimo Jon Voight) é vitima de uma armadilha durante uma missão em Praga, na República Tcheca. O agente Ethan Hunt (Tom Cruise), um dos sobreviventes do grupo, é taxado de traidor por sua organização e precisa provar sua inocência. Para quem não sabe, o filme é baseado na homônima e cultuada série de TV dos anos 1960/70.

Também estão no elenco nomes como Jean Reno (O Profissional), Ving Rhames (Con-Air), Kristin-Scott Thomas (Lua de Fel) e Vanessa Redgrave (Sonho Proibido). Ponto alto para a cena na sala do computador da CIA (antológica, no meu modo de ver) e para a cena final do filme no túnel (quando toca a música-tema é de arrepiar). Na minha opinião este é um dos dez maiores filmes de ação de todos os tempos.

Nota 9.0 – *****

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês)


Missão: Impossível 2 (Mission: Impossible 2)

(Ação, 2000. Direção de John Woo. Com Tom Cruise e Ving Rhames. Duração 02h03min.)

Nova aventura do agente Ethan Hunt (Tom Cruise, que também é produtor do filme), aqui encarregado de destruir um vírus mortal que caiu nas mãos de um ex-agente de sua organização. Não é, em todo caso, um John Woo assim tão marcante. OK, tem muita ação, mas é um filme apenas… médio. Digo isso porque ação eu gosto sim, mas não é tudo num filme (aliás, é apenas um ponto dentre vários a se considerar).

Em primeiro lugar, esta parte II, prá quem já viu a I e adorou (como eu), parece tratar-se não de uma sequência, mas de outro filme completamente diferente, com outro “clima”. Não se nota uma continuidade, uma coerência de atitudes dos personagens e do estilo de ser de um filme para o outro (isso também porque Brian de Palma, diretor do primeiro filme, e John Woo são realmente de estilos diametralmente opostos). Isso também se explica pelo fato de que o também produtor Cruise fez questão de escolher três diretores de estilos diferentes para os três filmes da série (o terceiro episódio, lançado ano passado nos cinemas, foi dirigido por J.J.Abrams).Em segundo lugar, o próprio John Woo dá uma certa pisada na bola, e acaba aqui fazendo apenas mais do mesmo. A outra face foi excelente por trazer coisas NOVAS. Mas nesse MI-II John Woo novamente vem com a fórmula “motos a 200 por hora + tiros com os homens saltando e deslizando pelos corredores + tecnologia à toda prova” e isso quando é gratuito, sem acrescentar nada de conteúdo ao filme, como acontece aqui, cansa. Por vezes assistia as cenas e me pareciam cenas idênticas às de outros filmes de John Woo. E cada filme tem que ter alma própria, evidentemente.

Como é uma sequência, no mínimo deveria ter sido fiel à alma do primeiro, e isso não ocorreu. Enquanto o original de 1996, dirigido pelo hitchcockiano Brian De Palma, tem um roteiro bem mais elaborado (até confuso algumas vezes, o que é coerente com um filme de espionagem), com mais personagens e uma ação madura, impressionante e ao mesmo tempo metódica, essa continuação é simples de trama, de fácil compreensão e com uma ação explosiva, energética. Agradará aos filmes de ação pura, mas não àqueles que preferem um roteiro mais elaborado – e que faça algum sentido.

Nota – 7.0 ***

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês)


O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford (The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford, 2007)

(Faroeste, 14 anos. Direção de Andrew Dominik. Com Brad Pitt, Casey Affleck e Mary-Louise Parker. Duração 02h40min)

O filme conta a estória do carismático e imprevisível Jesse James (Brad Pitt), o mais lendário bandido do velho oeste americano. Quando planejava mais um de seus grandes assaltos, ele soube que seus inimigos, ávidos por glória e fortuna, haviam se lançado numa corrida em sua captura. James então declara guerra a todos eles.

Este é apenas o segundo trabalho do jovem diretor neo-zelandês Andrew Dominik (seu primeiro filme chama-se Chopper e foi rodado na Austrália no ano 2000). Nos EUA o filme foi um dos fracassos mais retumbantes dos últimos tempos. Custou cerca de 30 milhões de dólares e arrecadou pouco mais de 10% disso nos cinemas americanos e apenas 15 milhões de dólares em todo o mundo. No entanto o filme recebeu boas críticas pelos especialistas, e Brad Pitt inclusive ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza de 2007 por seu papel nesse filme.

Confira aqui o trailer original do filme, com legendas em português.


O Reino (The Kingdom, 2007)

(Ação, 16 anos. Direção de Peter Berg. Com Jamie Foxx, Chris Cooper e Jennifer Garner. Duração 01h50min)

Equipe de investigadores contra terroristas é encarregada de encontrar os responsáveis por um atentado fatal contra americanos na Arábia Saudita. Para isso, terá de superar burocracias e hostilidades culturais para resolver o caso, além de lidar com o sequestro de um dos seus homens.

Protagonizado por Jamie Foxx (Oscar de Melhor Ator por Ray), o filme é produzido pelo consagrado diretor Michael Mann (de Colateral e O informante), que no entanto resolveu entregar a direção ao desconhecido Peter Berg, que já atuou inclusive como ator do próprio Mann em “Colateral”. Em termos de bilheteria o filme não pode ser considerado um sucesso. Custou cerca de 70 milhões de dólares e arrecadou pouco mais de 78 milhões de dólares em todo o mundo, ou seja, por enquanto mal se pagou.

Confira aqui o trailer original do filme, com legendas em português.


007 – Os diamantes são eternos (Diamonds are Forever, 1971)

O modelo/ator australiano George Lazenby foi um fracasso retumbante no filme anterior, e os produtores da série 007, Albert Broccoli e Harry Saltzman, não tiveram outra escolha: ofereceram o quanto Sean Connery quis cobrar para tê-lo novamente no papel de James Bond: Um milhão e duzentos e cinquenta mil dólares, o maior cachê já pago a um ator de cinema até então, mais 12,5% de participação na bilheteria do filme, que atingiu quase 44 milhões de dólares somente nos EUA (o que resultou em mais 5 milhões de dólares, pelo menos). Além de tudo isso, fez com que o estúdio United Artists finaciasse mais 2 filmes que o ator escolhesse, dos quais apenas um acabou sendo realizado (Até os Deuses Erram, de 1973, drama de Sidney Lumet). Isso tudo em troca de pouco mais de 4 meses de filmagens.

Apesar de Connery não ter mais a forma física de quando estreou como 007, cerca de dez anos antes (nitidamente mais gordo e até recorrendo a uma indisfarçável peruca, segundo os maldosos), a missão que marca sua volta – e também sua despedida – ao papel de 007 é considerada por muitos, inclusive por mim, uma das suas melhores aventuras. Bond aqui reencontra mais uma vez o arqui-inimigo Ernst Stavro Blofeld, principal mentor da organização criminosa Spectre (vivido muito bem pelo ator britânico Charles Gray). Blofeld ameaça o mundo com uma poderosa arma nuclear lançada ao espaço, feita com diamantes contrabandeados.

O filme apresenta uma das melhores duplas de assassinos da série, os impagáveis (e homossexuais) Mr. Wint e Mr. Kidd, que se encarregam de eliminar todas as pessoas envolvidas no contrabando dos diamantes, para que ninguém revele o destino dos mesmos ou quem comanda a poderosa rede. A cena final do filme, em que ambos tentam matar Bond disfarçados de garçons, é uma das mais marcantes de toda a série.

Além de torrar uma grana preta para trazer Sean Connery de volta, os produtores resolveram chamar novamente outras duas personalidades que já haviam se dado muito bem na série. Muito da qualidade deste episódio se deve também ao retorno do diretor Guy Hamilton, que anteriormente havia dirigido o melhor filme da franquia até então, 007 contra Goldfinger, em 1964. Até Shirley Bassey, que também havia interpretado a canção-tema em “Goldfinger”, também retorna aqui cantando a música tema do filme.

O roteiro é um pouco confuso e não muito claro, o que prejudica um pouco o filme. Porém isso é compensado pelas diversas cenas de ação, sempre com ritmo ágil e que não deixam a bola cair um instante sequer, valendo-se para isso de várias sequências que ficaram famosas na série. Destaque para a surra que o agente leva de duas serviçais de Blofeld que fazem de Bond o que querem até que este consegue rendê-las numa piscina, além da perseguição antológica na noite de Las Vegas (em que Bond conduz por alguns momentos um Mustang apenas em duas rodas) e da milagrosa escapada de dentro do caixão no crematório. Isso sem falar na cômica fuga do centro de experiências espaciais de Blofeld a bordo de um veículo lunar.

Jill St. John faz aqui a primeira Bondgirl norte-americana. Ela interpreta a contrabandista Tiffany Case, que no começo do filme é vilã mas logo se torna uma aliada de Bond. Atraente e traiçoeira, Tiffany está certamente no rol das bondgirls mais populares. Ela aparece no filme ruiva, loira e também morena, mas sempre provocante e geralmente em trajes sumários.

Os Diamantes são Eternos fez portanto o que se esperava dele: colocou a série em sua rota original de sucesso novamente. Sean Connery embolsou muita grana, e os produtores também. Com isso puderam pensar com calma na escolha do próximo ator que faria Bond nos próximos 7 filmes: Roger Moore. Mas a passagem de Moore como 007 fica para os próximos posts.

Nota – 8.0 ****

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês)