Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009)

bastardos_inglorios_poster3(Drama / Ação. Duração 02h33min. Direção: Quentin Tarantino. Com Brad Pitt, Melanie Laurent, Christoph Waltz, Eli Roth, Michael Fassbender, Diane Kruger e Mike Myers)

Confesso que, apesar de já ter ouvido falar muito dos filmes de Quentin Tarantino, nunca assisti um filme inteiro dele. Vi algumas cenas de “Pulp Fiction” – e não gostei, achei o filme psicodélico demais e violento em excesso – e vi também alguns trechos dos dois volumes de “Kill Bill” – desses já gostei bem mais, o enredo de vingança pareceu ser bem construído, porém nunca assisti esses filmes completos e por isso nunca pude opinar consistentemente sobre eles.

Porém, devido à maioria de críticas favoráveis ao filme, resolvi assistir ontem no cinema “Bastardos Inglórios”, até para começar a formar meu conceito sobre o diretor. E com certeza Tarantino começa a ser para mim um grandíssimo diretor – e me fez ao final da sessão ter vontade de assistir os outros filmes dele.

“Bastardos” é um daqueles filmes que, ao sairmos da sessão na telona, arrebatam, fazem a gente rir conosco mesmo, por sabermos que acabamos de assistir uma aula de como fazer cinema, um filme que sintetiza tudo aquilo que um bom filme deve ter: fotografia maravilhosa, elenco atuando todo ele primorosamente bem, uma direção seguríssima e de mão firme, um roteiro envolvente que consegue fazer a gente rir e ficar ansioso ao longo da estória de duas horas e meia de duração.

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Brad Pitt interpreta o tenente Aldo Raine, líder dos "bastardos"

Tarantino me impressionou pela condução segura do filme, que mesmo tendo algumas cenas longas, tem diálogos esplêndidos. Nota-se que o diretor fez valer sua vontade, que ele teve o esmero de posicionar corretamente câmera, trejeitos eventuais de alguns personagens, e com isso explorou as melhores características de vários deles – a canastrice de um Brad Pitt muito divertido, o talento de um Chistoph Waltz favorito ao Oscar, a beleza de uma Diane Kruger muito convincente em seu papel “duplo” – isso sem falar na loirinha Mélanie Laurent, dando um show de interpretação na pele da única sobrevivente da família exterminada – e que procura sua vingança pessoal contra os nazistas.

Algumas cenas são memoráveis. Destaco três, em ordem de aparição no roteiro: a cena inicial, onde o coronel Hans Landa interroga o camponês que abriga judeus foragidos em sua casa (de condução soberba por Tarantino); a cena do jogo de adivinhação de cartas grudadas na testa, a melhor do filme, é daquelas cenas até que você acha que estão lá só prá “encher linguiça” mas que vai ganhando corpo e intensidade até desembocar num desfecho altamente tenso e imprevisível; e a cena onde Pitt e seus colegas se fazem passar por italianos na entrada do cinema, de arrancar gargalhadas homéricas de todo o público presente à sessão.

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Tarantino soube durante todo o filme mesclar bem a condução do roteiro, intermeando momentos de tensão, de ação e de comédia. Meu único senão é quanto ao desfecho do filme; claro que o mesmo se mostrou coerente com a postura sarcástica e irônica que o diretor assume desde o início, porém eu chegaria a dizer que Tarantino poderia ter filmado uma obra-prima se quisesse ser um pouco menos sarcástico e se atesse um pouquinho só à história real que todos nós conhecemos.

Mesmo assim, é claro como água afirmar que “Bastardos Inglórios” me parece ser, de longe, um dos 3 melhores filmes do ano. Não conheço a obra de Tarantino – a qual pretendo me interessar mais a partir de agora – porém este filme certamente deve estar entre seus melhores. E o filme tem toda a pinta de ser um daqueles que terá mais indicações ao próximo Oscar.

Se você é meio ressabiado quanto aos filmes de Tarantino, assim como eu sempre fui, faça como eu: dê mais uma chance a ele e assista ao filme, tenho quase certeza que dessa vez você irá gostar.

Nota 8.5 – ****

Veja abaixo o trailer original do filme legendado em português.

Interlúdio (Notorius, 1946)


Cary Grant
faz seu segundo filme com Hitch (após
Suspeita, de 1941) e neste primeiro filme do mestre do suspense feito após o final da Segunda Guerra Mundial contracena com a estrela Ingrid Bergman, que alguns anos antes havia feito o clássico Casablanca. Até por ter sido filmado numa época conturbada, boa parte do filme foi feita no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro (apesar que os cenários mostrados não deixam isso muito evidente). Contando ainda com Claude Rains, Interlúdio não consegue, no entanto, chegar ao nível das grandes obras-primas dirigidas por Alfred Hitchcock, apesar de ser sem dúvida um filme bem acima da média.

Na trama, Bergman é uma mulher com ficha suja na polícia e o agente de espionagem do governo americano interpretado por Grant a chantageia e a usa em benefício próprio para que esta se envolva com Rains, suspeito de chefiar uma organização nazista no Brasil. Claro que existem os enlaces sentimentais: o casal de protagonistas se apaixona durante a trama mas não pode ficar junto; e ela quando começa a se envolver com o suspeito nazista descobre que ele é um ex-namorado. O filme tem boas sequências de suspense, e fica mais interessante quando o personagem de Rains descobre que está sendo espionado pela própria esposa (ele e Bergman se casam no filme). Destaque para a sequência de cenas na adega particular de vinhos durante a festa de gala em que o nazista percebe a traição da esposa.

Nota 6.5 – ***

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês)