O Suspeito (Rendition, 2007)

(Suspense/Drama, EUA, 2007. Direção de Gavin Hood. Com Reese Whiterspoon, Jake Gyllenhaal, Alan Arkin, Meryl Streep. Duração 02h04min.)

O Suspeito traz a estória de um cidadão egípcio-estadunidense que é suspeito de ser um terrorista assim que desembarca nos EUA de volta de uma viagem à África do Sul, e é devidamente “escoltado” de volta à África, onde vai passar por todos os tipos de interrogatórios possíveis e imagináveis. Do lado norte-americano, o supervisor é Douglas Freeman (Jake Gyllenhaal, de Brokeback Mountain). Atravessando o Atlântico, a esposa do suspeito, vivida por Reese Witherspoon, de Legalmete Loira) tenta a todo custo descobrir onde está seu marido desaparecido e ainda preservar o filho que está prestes a nascer. Sua busca por respostas a leva até a secretária de Estado americana, Corrine Whitman (Merryl Streep), que autorizou todo o sigiloso processo. As estórias de cada um dos personagens são desenvolvidas separadamente, mas às vezes se cruzam, infelizmente, nem sempre da melhor forma – do ponto de vista dramático. O excesso de acontecimentos e personagens, somado à exagerada necessidade de explicar tudo, acaba deixando em segundo plano o desenvolvimento da empatia entre quem está na tela e os que estão na platéia. A falta de envolvimento é tamanha que até mesmo Merryl Streep está irreconhecível, em um papel bidimensional tão facilmente odiável quanto sua contra-parte na vida real: a poderosa Condoleezza Rice.

Estreando em Hollywood depois de ganhar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com Infância Roubada (2005), o diretor Gavin Hood (que vai comandar X-Men Origins: Wolverine) não consegue construir um filme impactante, apesar do ótimo elenco. O filme não chegou a ficar nem um mês em cartaz nos EUA e arrecadou pouco mais de US$ 17 milhões em todo o mundo.

Veja abaixo o trailer original do filme com legendas em português.

As Torres Gêmeas (World Trade Center, 2006)

Nada como um dia 11 de setembro para comentar sobre este filme, que foi aguardado com muita expectativa e pelo menos para mim foi uma grande decepção. O diretor Oliver Stone, ao que me parece, deixou um pouco de lado seu estilo de filmagem que questiona o porquê das coisas e fixou-se apenas no drama do resgate dos sobreviventes da tragédia no World Trade Center. Ou seja, o filme é do Oliver Stone, mas não tem a cara dele.

Baseado nos relatos dos bombeiros John McLoughlin (Nicolas Cage, completamente subutilizado no papel) e William J. Jimeno (Michael Peña), que ficaram presos durante 22 horas nos escombros do World Trade Center, o roteiro mostra o drama que se abateu em Nova York quando dos atentados terroristas em 11 de setembro de 2001. Porém o filme não mostra um antes, um durante e um depois; não mostra (nem explica) quase nada do antes, o durante (o ataque terrorista em si) é mostrado muito bem tecnicamente mas de maneira até que rápida, e fica quase que o tempo todo no depois, com os dois bombeiros sob os escombros tentando sobreviver aos ferimentos e aguardando um possível resgate. Só que essa parte do filme muitas vezes é uma conversa lenga-lenga entre os dois sobreviventes sobre quantos filhos cada um tem, que sonhos possuem, etc., que nos faz esquecer até mesmo o que os fez parar ali e, pior, é feita de uma forma que não nos emociona a ponto de nos envolvermos fortemente com o drama pessoal de cada um.

Com isso, o filme acaba se tornando mais uma estória de resgate dos sobreviventes de uma tragédia, como tantos outros filmes fazem, e não se diferencia dos demais por ser a grande catástrofe americana do início desse século. Esse tratamento que o roteiro dá à tragédia acaba por reduzir a grandiosidade e importância do filme e o torna uma produção quase que comum, o que surpreende, repito, por se tratar de um filme de Oliver Stone.

Nota – 6.0 **

Veja abaixo o trailer original do filme (em inglês)